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Foto do escritorcomunica Ecoporé

4° Dia de Campo do projeto Terra e Mata discute benefícios da restauração ecológica para as cadeias produtivas

Recuperação de cursos d’água, aumento na produtividade e retorno de sementes crioulas são alguns dos ganhos apontados



No dia 02 de agosto, o agricultor Luiz Vasconcelos recebeu 40 pessoas no seu sítio em Urupá - RO para o 4° Dia de Campo do projeto Terra e Mata. O evento, realizado pela Ecoporé com patrocínio do Fundo Socioambiental Caixa, debateu como a restauração ecológica gera benefícios e fortalece cadeias produtivas.


Durante a atividade, Marcos Antônio de Souza, gerente de Produção da Ecoporé, fez um balanço dos aprendizados da instituição com o manejo de espécies para a restauração e a agricultura regenerativa. Segundo Marcos, ao longo do tempo, inovações tecnológicas foram incorporadas em todas as etapas da restauração. É o caso do uso da capina química em propriedades familiares com pouca mão de obra disponível e o uso do hidrogel, que ajuda a reter a água no solo, no plantio das mudas para contornar a escassez hídrica.


Flávio Augusto Sousa Santos, gerente de Inteligência Territorial da Ecoporé, também contribuiu para a conversa explicando o impacto positivo da restauração em diversos setores e cadeias produtivas. Na pecuária, por exemplo, atividade preponderante em Urupá, a restauração ecológica melhora a qualidade e a disponibilidade de água para consumo nas propriedades, além de auxiliar na recuperação de pastagens e estabelecer um maior número de áreas sombreadas para os animais. Como resultado, o estresse animal diminui e há um aumento no rendimento do gado (leiteiro e de corte).


A comunidade que acompanhou o evento, principalmente formada por beneficiários do projeto Terra e Mata, pode compreender melhor a dinâmica entre a proteção ambiental e a produção agrícola ao visitar a área em restauração dentro da propriedade do agricultor Luiz Vasconcelos.


Além disso, algumas beneficiárias do projeto Terra e Mata que também são coletoras de sementes da Rede de Sementes da Bioeconomia Amazônica (Reseba) aproveitaram o encontro para vender sementes de suas propriedades, especialmente de feijão-de-porco e olho-de-cabra, para a Reseba. Há um interesse generalizado entre as agricultoras e os agricultores em recuperar sementes crioulas em seus cultivos, assim, a troca e a construção de um banco genético de sementes da região são bem vistos pelos participantes.


A gerente de Educação da Ecoporé, Ana Paula Albuquerque, responsável pelas atividades formativas da entidade e pela condução do Dia de Campo, com auxílio do extensionista rural Anderson Roberto Bento, escutou as reflexões e demandas dos agricultores beneficiados pelo projeto Terra e Mata.


Uma das demandas identificadas foi que o cultivo de espécies para a restauração seja feito a partir da combinação do plantio com mudas e semeadura de sementes. Os agricultores ponderaram que o prolongamento do período da seca, a irregularidade no regime de chuvas e os solos pedregosos e arenosos da região prejudicam o sucesso das mudas, uma vez que as mudas demandam mais água do que as sementes e que o plantio com sementes gera plantas mais rústicas e já adaptadas as condições locais. Assim, para reduzir a taxa de mortalidade das plantas, a equipe da Ecoporé planeja fazer o replantio de algumas espécies.



Os agricultores também refletiram sobre o período de entrega das mudas e a técnica utilizada no cultivo delas. Na técnica de rocambole, as mudas são enroladas ainda no tubete, possibilitando que um caminhão entregue até 15 mil mudas em apenas uma viagem, o que é quase quatro vezes mais do que se fosse utilizada a sacolinha, com a qual só seria possível entregar 4 mil mudas por vez.


Embora os produtores prefiram a sacolinha, por conta da facilidade de manuseio, o rocambole agiliza uma logística apertada para a janela de plantio. Ano passado, por exemplo, as chuvas só começaram na segunda metade de novembro, o que reduz o cronograma de plantio. Uma vez fora do viveiro, as mudas devem ser plantadas em no máximo 15 dias.



Outros dois Dias de Campo estão previstos para acontecer até janeiro de 2025. Os eventos anteriores aconteceram em Seringueiras, Costa Marques e São Francisco do Guaporé e tiveram como tema, respectivamente, “Recuperação de nascentes e matas ciliares”, “Biodigestor como mecanismo de produção de gás e adubo para os SPS” e “A importância da diversidade nos arranjos de Sistemas Agroflorestais para a manutenção da qualidade do solo”. Ao todo, 110 pessoas compareceram nas atividades até o momento.


Além dos Dias de Campo nas propriedades dos agricultores beneficiados, o projeto Terra e Mata contempla módulos de formação. De abril de 2023 até o momento já foram realizados cinco módulos com os seguintes temas: “Diagnóstico participativo”, “Recomposição Vegetal e a Agricultura Familiar”, “Semear e preservar para um solo sustentável”, “Manejo alternativo de pragas e doenças na agricultura”, e “Restauração ecológica e os processos para um bom resultado”.



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