Foram mais de 140 representantes de povos indígenas, quilombolas e extrativistas de todo o estado reunidos no auditório da OAB na última sexta-feira (10) para I Encontro de Salvaguardas Socioambientais de REDD+ para Povos Indígenas e Populações Tradicionais de Rondônia promovido pela Ação Ecológica Guaporé - Ecoporé. Um evento pensado com e para as comunidades, com o intuito de dar voz e ouvidos para as suas necessidades, anseios e discutir ações para preservação dos seus direitos e integridade de seus territórios.
Como mencionou o vice-presidente da Ecoporé, Marcelo Ferronato, na ocasião, esta foi uma das poucas vezes em que um evento dessa magnitude na Amazônia reuniu populações extrativistas, quilombolas e indígenas para discutir esse tema tão relevante e atual, que é a implementação de projetos de REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal), frente aos desafios que essas comunidades enfrentam em seus territórios.
Vemos uma verdadeira corrida pela negociação de crédito de carbono na região, que tem desencadeado um grande assédio de empresas implementadoras a estes povos e suas representações, e é preciso que eles estejam preparados para as tomadas de importantes decisões que vão afetar os territórios e as futuras gerações. Nesse contexto, discutir as Salvaguardas Socioambientais de REDD+ são fundamentais para a garantia de direitos dos povos e o desenvolvimento possível da região.
Na dinâmica do encontro, os painéis foram destinados à apresentação e discussão quanto às fraquezas, oportunidades, forças, ameaças e oportunidades levantadas pelos povos e suas representações. Liderança feminina do Povo Karo Arara, Shirlei Arara falou da importância do tema ser discutido neste que é um momento onde seu povo vem estudando a possibilidade da implementação de um projeto de REDD+ em seu território, o Igarapé Lourdes, em Ji-Paraná. “São muitas questões que precisam ser avaliadas e é maravilhoso que nós possamos estar aqui, colocando as nossas demandas, as nossas vontades e esclarecendo todas as dúvidas sobre algo que pode ser muito benéfico para o nosso povo e território, mas que precisa ser pensado e construído com muito cuidado e de forma coletiva”, reforça.
Emocionada, a presidente da Associação de Remanescente Quilombola Santa Rita Lourença Maciel falou sobre a alegria em ver as comunidades quilombolas serem incluídas nas discussões, uma vez que sempre foram negligenciados e deixados de fora de inúmeras discussões quanto a proteção dos seus direitos e territórios. “Saio daqui feliz e satisfeita, levando muitas informações para a minha comunidades e especialmente o aprendizado de que precisamos nos unir e fortalecer, seguindo o exemplo dos nossos colegas indígenas e extrativistas, para a proteção da nossa floresta em pé e pelo futuro dos nossos filhos”, finalizou Lourença.
Até chegar ao dia do encontro, foi mais de um ano de trabalho in loco, com a realização de oficinas regionais direto nas comunidades, contemplando quase todos os povos e populações tradicionais de Rondônia. “O encontro também marcou o encerramento desse ciclo. Inicialmente eram previstas três oficinas com indígenas em três regiões do estado, porém, pela demanda e interesse dos povos, foram oito oficinas, que envolveram representantes de praticamente todos os territórios indígenas e tradicionais, e quase todas as etnias indígenas e lideranças de extrativistas e quilombolas. Um esforço para garantir que as vozes frequentemente negligenciadas fossem ouvidas, reconhecendo o papel vital dessas comunidades na preservação de territórios, conservados pelo modo tradicional de usufruir dos recursos por estes povos”, finaliza Marcelo Ferronato.
Todo o encontro foi transmitido pelo canal da Ecoporé no YouTube e pode ser conferido na integra:
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