Descubra a técnica ancestral usada nos projetos de reflorestamento da Ecoporé.
Inspirada nos ritmos da natureza e nos conhecimentos tradicionais dos povos indígenas, a muvuca é uma das técnicas usadas pela Ecoporé para reflorestar áreas em recuperação.
A muvuca, segundo a gerente do centro de sementes da Rede de Sementes da Bioeconomia Amazônica (Reseba), Aline Smychniuk, consiste em uma técnica de semeadura direta desenvolvida através de “um mix de sementes de espécies com diferentes etapas sucessionais. Na muvuca, misturam-se espécies que germinam mais rápido, as pioneiras, espécies que demoram um pouco mais para germinar, as secundárias, e também sementes de leguminosas, que vão fazer a cobertura do solo, ajudando na fixação do nitrogênio”.
No caso da Ecoporé, informa Aline, metade da receita da muvuca de sementes é composta por leguminosas, como feijão de porco e feijão guandu. A outra metade é um mix de 65 espécies com diferentes estágios sucessionais.
Diferente das mudas, outra técnica usada pela instituição em projetos de restauração, que precisam ser plantadas, o mesmo nem sempre ocorre com a muvuca. De acordo com Marcos Antônio de Souza, gerente de produção da Ecoporé, após o preparo, as sementes são levadas para o campo, onde podem ser semeadas com a abertura de covas, em locais de acesso mais difícil, ou espalhadas para que as sementes cresçam naturalmente.
Entre os pontos positivos da semeadura direta com muvuca está justamente a possibilidade de ser lançada ao invés de plantada, uma vez que demanda menos trabalho. Além disso, a técnica pode servir de complemento ao plantio de mudas, ajudando a enriquecer o solo através da diversidade de sementes, explica Marcos Antônio.
Até o momento, a Ecoporé já reflorestou cerca de 150 hectares usando a técnica da muvuca de sementes e prevê reflorestar outros 650 nos próximos anos em projetos na Terra Indígena Pacaás-Novas, nas Florestas Nacionais (Flona) Bom Futuro e Jacundá e em propriedades de agricultores e agricultoras familiares de Rondônia.
Unindo sustentabilidade ambiental e social, a maior parte das sementes usadas para reflorestar esses territórios são adquiridas de povos indígenas. Das 50 toneladas de sementes usadas pela Ecoporé em 2024, cerca de 3/4 (mais de 38 toneladas) foram compradas de coletores indígenas de seis territórios diferentes (Sete de Setembro, Igarapé Lourdes, Zoró, Rio Branco, Tubarão Latundê e Karitiana), gerando mais de R$1 milhão de renda para as comunidades locais.
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