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Foto do escritorcomunica Ecoporé

Projeto REGENERA: trocas de saberes marcam I formação de coletores de sementes com o povo Suruí

Atualizado: 22 de jul.


Uma vez capacitados, os participantes têm uma oportunidade de renda através da venda de sementes usadas na restauração para a Rede de Sementes da Bioeconomia Amazônica (ReSeBa)


Indígenas do povo Paiter Suruí de Rondônia participaram da I Formação de Coletores de Sementes realizada na Terra Indígena Sete de Setembro. A atividade aconteceu no dia 1º de julho, na aldeia Lapetanha, com 22 participantes de sete aldeias diferentes e integrantes da brigada indígena Paiter de combate a incêndio, aliando conhecimento científico aos saberes tradicionais da comunidade. Esta foi a primeira formação promovida pelo projeto Regenera, realizado pela Ecoporé com apoio da The Caring Family Foundation.


Ao longo da formação, explica a instrutora e engenheira florestal Aline Smychniuk, é feito um levantamento de quais espécies de interesse para a restauração estão disponíveis em cada território, bem como um calendário de coleta local, visando a compra futura de sementes das coletoras capacitadas e cadastradas. Caso a comunidade lide com outras espécies, é feita uma pesquisa para averiguar se há demanda dela pelo mercado. Quando há, elas são incluídas na lista de espécies demandadas aos coletores, que atualmente conta com 55 espécies. A rede, no entanto, trabalha com cerca de 110 espécies. Na formação também foram repassadas as técnicas de coleta, manejo e estocagem mais adequadas para a preservação das sementes, assim como cuidados de segurança na hora da coleta. 


Os aprendizados são importantes para obter sementes viáveis para a restauração e para oferecer sementes de qualidade aos compradores, ampliando as possibilidades de rendas para os povos originários.



Em fala coletiva, as mulheres Kabena, Helena, Mapiclikim e Elza e o ancião Agamenon, nascido antes do contato dos Suruí com a sociedade nacional, ocorrido em 07 de setembro de 1969, afirmaram enxergarem diversos benefícios para toda a família e a comunidade ao participar da formação. 


Mapiclikim diz que gostou do curso porque, embora conheça várias sementes, desconhecia algumas das que foram apresentadas. “Agora sei que têm várias diversidades das sementes na floresta e que posso fazer muitas coisas com elas”, diz. 


Elza e o marido, Agamenon, já manejam algumas espécies, especialmente para o artesanato e no reflorestamento de madeiras de lei. Por isso, ficaram contentes em descobrir uma nova forma de aproveitá-las. Elza disse estar “muito feliz com o curso porque veio mais conhecimento sobre as sementes e a floresta. É uma riqueza que tá na minha vida. Eu estive sempre morando na floresta, então, com esse curso fiquei sabendo dos benefícios financeiros e da diversidade das sementes, que cada semente tem um nome e um benefício”. 


Agamenon Suruí completa: “estou gostando bastante desse curso porque já tenho bastante conhecimento sobre sementes e plantas. Isso veio para me dar mais conhecimento sobre a diversidade de sementes. Estou entendendo que também traz benefício familiar financeiro, então, fico muito feliz mesmo. Estou feliz também por ter mais conhecimento porque é muito bom para a terra indígena”.


Após a capacitação, os participantes podem se cadastrar na Rede de Sementes da Bioeconomia Amazônica (ReSeBa), que já tem 300 coletores indígenas, quilombolas e de agricultores familiares e cerca de outras 100 em processo de cadastramento. A ReSeBa estima a compra de 45 toneladas de sementes este ano apenas em projetos da própria Ecoporé, sem contar as vendas externas.


REGENERA

O projeto REGENERA, patrocinado pela The Caring Family Foundation, tem como objetivo promover a agricultura regenerativa em Rondônia, isto é, combinar as práticas agrícolas com a restauração ecológica, impulsionando os serviços ecossistêmicos, como o sequestro de carbono e a conservação da biodiversidade. Além disso, o projeto visa a inclusão socioprodutiva de mulheres e jovens nas cadeias de valor da bioeconomia, gerando renda e promovendo a autonomia das comunidades tradicionais. 


As ações do projeto Regenera contribuem com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas. Dentre eles, o ODS: 2 – Fome zero e agricultura sustentável; ODS 5 - Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas; ODS 12 – Consumo e produção sustentáveis; e ODS 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos.


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