Com 98% da meta atingida, Ciência Cidadã avança com pescadoras esportivas em Rondônia
- Joshua Lacerda
- 23 de jul.
- 3 min de leitura
Ação no Elas Pescando mobilizou 32 cadastros só na Vila Calderita e incluiu palestra sobre boas práticas e legislação da pesca esportiva. Programa é executado pela Ecoporé e UNIR.
A mobilização realizada pelo Programa Ciência Cidadã durante o campeonato Elas Pescando, na Vila Calderita (RO), garantiu o cadastramento de 32 pescadoras e pescadores esportivos em um único fim de semana. O número representa dois terços do total de cadastros realizados até agora. Com isso, o programa atingiu 48 dos 50 cadastros previstos, 98% da meta.
A ação foi realizada pela Ecoporé e pelo Laboratório de Ictiologia e Pesca da UNIR (LIP-UNIR), que implementam as ações do programa na bacia do rio Madeira no âmbito da Aliança Águas Amazônicas, com apoio da WCS Brasil e da Fundação Gordon and Betty Moore.

O objetivo do programa é ampliar o monitoramento participativo dos ambientes aquáticos amazônicos. Na prática, pescadoras e pescadores esportivos se tornam cientistas cidadãos ao registrar informações sobre os peixes capturados como espécie, peso, tamanho e local da pesca.
Durante o evento, além dos cadastros, a equipe também promoveu uma palestra sobre boas práticas e marcos regulatórios da pesca esportiva, a fim de sensibilizar o público sobre atitudes simples que podem contribuir para a sustentabilidade da pesca, bem como mostrar o papel estratégico da coleta de dados para a conservação da biodiversidade e a formulação de políticas públicas.

“A gente já trabalha com pescadores profissionais e agora amplia esse diálogo com quem pesca por esporte. Isso fortalece muito o levantamento de informações sobre os rios da Amazônia”, explica Dayana Catâneo, analista socioambiental do programa.
Para Lucimar Gouveia, advogada e amante da pesca esportiva, colaborar com a pesquisa do Programa Ciência Cidadã é mais uma forma de contribuir com a conservação ambiental. Ela começou a pescar por acaso, a convite de amigos, e se apaixonou pela prática. “Pesquei muita piranha no lago do Jamari e aprendi a gostar. Peguei gosto mesmo, não larguei mais”, conta.

Com o tempo, Lucimar reuniu dezenas de pescadores e pescadoras de diferentes perfis em uma associação voltada à pesca esportiva em Rondônia. O grupo organizava torneios com fins sociais, doava pescado a instituições e promovia ações de limpeza nos rios. “A gente recolhia de quatro a seis caçambas de lixo, de sofá a sacola plástica, e tentava despertar a consciência das pessoas pra não poluir”, lembra.
Hoje, mesmo sem atuar diretamente na associação, ela segue engajada. “Penso no futuro dos meus netos, dos meus bisnetos. Participar dessa pesquisa é um jeito de continuar cuidando do rio e do meio ambiente. A gente não pode parar.”
Políticas públicas
O campeonato Elas Pescando é destinado ao público feminino da pesca esportiva. O evento teve provas de pesca embarcada e de barranco, além de espaços de escuta e troca de experiências.

Os dados coletados pelo programa servem como insumo técnico para a formulação de políticas públicas no país, conforme defende a Secretária Nacional de Registro, Monitoramento e Pesquisa do Ministério da Pesca e Aquicultura, Carolina Doria. “Essas informações são muito importantes porque mostram quais espécies estão sendo capturadas, onde ocorre a pesca e qual o perfil da atividade. Isso nos ajuda na gestão da pesca nas bacias brasileiras”, explicou.
A coleta continua nos próximos meses, e a expectativa é consolidar os dados para alimentar bases científicas e fortalecer políticas públicas voltadas ao uso sustentável da biodiversidade aquática da Amazônia.






