Do Mamoré ao Madeira: com oficinas e jogos, Ciência Cidadã mobiliza mais de 300 estudantes ribeirinhos entre junho e julho

Durante os meses de junho e julho, o Programa Ciência Cidadã percorreu quatro escolas ribeirinhas de Rondônia e alcançou cerca de 347 estudantes com atividades voltadas à educação ambiental e valorização dos saberes locais sobre os peixes do rio Madeira. As ações aconteceram nas escolas Simón Bolívar (Guajará-Mirim), Antônio Augusto Vasconcelos (Teotônio), Raimundo Nonato (Cujubim Grande) e Juracy Tavares (São Carlos) envolvendo palestras, rodas de conversa e jogos educativos.

O programa é uma iniciativa da Aliança Águas Amazônicas, executado na bacia do Madeira pela Ecoporé em parceria com o Laboratório de Ictiologia e Pesca da UNIR (LIP/UNIR), com apoio da WCS Brasil, Fundação Gordon and Betty Moore. Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e Fapero.

Presente em algumas escolas ribeirinhas ao longo de todo o ano, o Ciência Cidadã promove escuta ativa, participação estudantil e práticas de ciência participativa com foco na pesca e na biodiversidade da região.

No dia 5 de junho, a escola Simón Bolívar, em Guajará-Mirim, recebeu a primeira ação do bimestre. A equipe apresentou o projeto às turmas do ensino médio durante a Semana do Meio Ambiente e convidou os alunos a participarem como voluntários. A resposta foi imediata: 69 jovens se inscreveram para seguir nas atividades do programa, num total de 238 participantes.

A atividade contou com a presença da analista ambiental Dayana Catâneo e uma equipe com oito colaboradores incluindo bolsistas da Ecoporé e do Laboratório de Ictiologia e Pesca da UNIR (LIP-UNIR).

Para o biólogo e bolsita da Ecoporé, Felipe Lins,, o interesse dos estudantes demonstrou a força do território como ponto de partida para o aprendizado. “As turmas se mostraram atentas e envolvidas. A proposta de refletir sobre a pesca a partir das vivências da própria comunidade encontrou eco real entre os alunos”, ele destaca.

No distrito de Teotônio, a equipe conduziu uma oficina prática no dia 27 de junho, com a aplicação do jogo da memória com espécies de peixes da Bacia do Madeira. A atividade mobilizou sete estudantes e transformou a sala de aula em espaço de conversa.

Níkolas Cintra, da equipe técnica, relatou a potência da troca vivida ali: “Mesmo com um grupo pequeno, a interação foi significativa. Os alunos se divertiram, aprenderam e partilharam conhecimentos entre si. Houve escuta mútua.”

Já no dia 30 de junho, a escola Raimundo Nonato, em Cujubim Grande, recebeu uma oficina em formato de competição educativa. As turmas da manhã e da tarde participaram do jogo da memória com peixes do Madeira, complementado por perguntas reflexivas ao final de cada rodada. A proposta envolveu 96 estudantes, entre bolsistas e voluntários.

No dia 1º de julho, a equipe finalizou o ciclo de atividades do primeiro semestre com uma visita à escola Juracy Tavares, no distrito de São Carlos. A mesma oficina foi aplicada para quatro estudantes da unidade.

Jamile Ferreira, integrante da equipe, destacou a forma como a ludicidade despertou o engajamento dos alunos. Segundo ela, a premiação simbólica contribuiu para criar um ambiente de atenção e colaboração. “A resposta foi extremamente positiva. Os estudantes se mostraram dispostos a aprender e trouxeram perguntas importantes sobre as espécies discutidas. A sala virou um espaço de diálogo sobre o rio”, escreveu.

Ao avaliar o conjunto das ações, Dayana Catâneo reforçou que o período representou avanço na qualidade das metodologias utilizadas e também apontou caminhos para o próximo ciclo. “Conseguimos aplicar metodologias diversificadas e materiais educativos, como o jogo da memória, que fortaleceram o vínculo com os estudantes.

Também identificamos pontos a melhorar, como a coleta de dados e o acompanhamento mais próximo de algumas escolas. Os resultados foram positivos e reforçam a importância da continuidade do programa”, afirmou.