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Floresta +: Indígenas Paiter Suruí participam do 1° curso de Boas Práticas no Manejo da Castanha-da-Amazônia

Atualizado: 14 de nov.

A atividade faz parte do projeto “Memórias e Ações: Construindo e Fortalecendo a Cadeia da Castanha-da-amazônia Mãhp gahp”, iniciativa da Associação Gap ey


Abordando a ecologia e a cadeia produtiva da castanha-da-amazônia, a Ecoporé realizou o primeiro Módulo do curso de Boas Práticas no Manejo da Castanha-da-Amazônia na aldeia Gapgir, do povo Paiter Suruí, localizada na Terra Indígena Sete de Setembro, em  Cacoal (RO). A atividade faz parte do projeto “Memórias e Ações: Construindo e Fortalecendo a Cadeia da Castanha-da-amazônia Mãhp gahp”, iniciativa da Associação Gap Ey, uma das 40 selecionadas pela Modalidade Comunidade do projeto Floresta + Amazônia, tendo a Ecoporé como instituição parceira na implementação. Mais dois módulos do curso estão previstos para acontecer até o final deste trimestre.


As boas práticas de manejo garantem a qualidade da produção, agregam valor à castanha e valorizam o conhecimento tradicional. Na cadeia produtiva, elas envolvem garantir a continuidade da produção dos castanhais e a segurança do coletor durante o trabalho e reduzir o risco de aflatoxina. Joana Gomes, analista socioambiental da Ecoporé e instrutora do curso, afirma que tais práticas também fortalecem a identidade cultural da comunidade e facilitam o acesso a mercados que valorizam produtos orgânicos e originários de povos tradicionais. 


A adoção de boas práticas no manejo é essencial para evitar a contaminação por aflatoxina, uma micotoxina produzida por fungos do gênero Aspergillusi, que se desenvolvem em ambientes úmidos e quentes. A contaminação pode ocorrer durante a coleta, transporte ou em razão do armazenamento inadequado. A aflatoxicose, infecção resultante da ingestão de alimentos contaminados, pode causar necrose, cirrose e até câncer no fígado, portanto, o controle fitossanitário é crucial.


Durante o curso, Joana Gomes deu explicações sobre a ecologia da castanha, como ocorrência da espécie, seu porte, como ocorrem a polinização, floração e frutificação. Presente na bacia amazônica, no Brasil, na Bolívia, no Peru, na Colômbia, na Venezuela e nas Guianas, a castanha da amazônia é polinizada por abelhas de grande porte e frutifica apenas uma vez ao ano, sendo que seus frutos caem da copa na estação chuvosa, de novembro a março.



Também foram abordadas as diferenças no manejo da castanha com e sem casca durante a pré-coleta, a coleta e a pós-coleta. Enquanto a castanha com casca passa por um processo que envolve secagem, classificação, polimento e empacotamento, a castanha sem casca passa por autoclavagem, descascamento, secagem, seleção, classificação e empacotamento.


Segundo a analista socioambiental, o mapeamento é uma etapa importante da pré-coleta, pois permite planejar os trajetos até os castanhais, reduzindo o tempo de deslocamento. A manutenção das trilhas e os tratos silviculturais, como o corte de cipós e galhos, são outros pontos importantes.


Durante a coleta, o planejamento é a etapa que se destaca, ou seja, a definição de quais áreas serão coletadas, quem participará da coleta, a quantidade a ser coletada, etc. O intuito é reduzir as chances de que ouriços cortados sejam deixados para trás e em contato com solo, o que aumenta as chances de contaminação, conforme explicou Joana.



Por fim, na pós-coleta, os participantes aprenderam que a lavagem só deve ser feita se a secagem for imediata e que a armazenagem deve ser feita em local arejado, tudo a fim de evitar contaminação. Em todas as fases, deve ocorrer a seleção das castanhas e o descarte daquelas inapropriadas para o consumo. Em geral, são feitas três ou quatro seleções, uma após a abertura dos ouriços, outra na lavagem, mais uma na secagem e a última no revolvimento.


Além do curso de Boas Práticas, o projeto contempla um curso de georreferenciamento e outro de mapeamento de castanhais. Dentre os resultados alcançados pelo projeto até o momento, foram mapeados 627 hectares de castanhais na TI Sete de Setembro, 25% a mais do previsto inicialmente, ao longo de 10 excursões pela floresta.


Ao identificar as matrizes produtivas, o mapeamento dos castanhais auxilia no planejamento da produção, pois permite estimar o potencial produtivo atual e futuro. O mapeamento também possibilita planejar a abertura de estradas e trilhas que levam até os castanhais. Em geral, há uma árvore produtiva por hectare, sendo assim uma ferramenta importante no monitoramento dos mesmos.


Uma das principais características para que uma árvore se torne uma matriz para a seleção da castanha é a produtividade dela. Os extrativistas levam em consideração o tamanho e a quantidade de amêndoas, assim como a facilidade para abrir o ouriço, que tem entre 5 e 25 sementes e pode chegar a pesar 1,5kg. Robson Suruí, liderança que participou da atividade, afirmou que a melhor castanheira para seleção é aquela que tem mais castanhas e cujo ouriço é maior, pois quanto maior, mais fácil é para abri-lo.

FLORESTA + COMUNIDADES

Com quatro componentes, + Conservação, + Recuperação + Comunidades e + Inovação, além do suporte à Estratégia Nacional de Redução das Emissões Provenientes do Desmatamento e da Degradação Florestal (ENREDD+), o projeto Floresta + Amazônia é executado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e financiado pelo Fundo Verde para o Clima.


O objetivo do componente Floresta + Comunidades é apoiar a implementação de projetos locais que fortaleçam a gestão ambiental e territorial dos territórios de povos indígenas e comunidades tradicionais. O Brasil foi o primeiro país a receber um aporte financeiro do Fundo Verde para o Clima (em inglês: Green Climate Fund - GCF), uma iniciativa de 194 países para combater as mudanças climáticas.




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